sábado, 22 de novembro de 2008

Boas conversas, ótimas reflexões...


Hoje dois assuntos me fizeram “abandonar” minha monografia: O chamado “viver juntos” e a tão esquecida diplomacia...
No início ambos me pareceram dissociados, num segundo momento percebi que um alimenta o outro.
Quando digo viver junto me refiro ao relarcionar-se no seu sentido mais amplo, seja no trabalho, convívio social, escolas, ficar, namorar, casar.
Hoje o viver junto está em decadência, pois se alimenta de intolerância ao invés da diplomacia, tornando assim as relações mais descartáveis, o mais engraçado é que isso faz parte da tão aspirada modernidade. Claro que muitas vezes dá vontade de fugir de qualquer tipo de relacionamento, ir embora pra Pasárgada e não querer nem o rei por perto...rsrs...
A problemática está na falta de capacidade humana em se pôr no lugar do outro, pois se assim o fizesse viver junto seria muito mais fácil, ao contrário do que acontece hoje, onde qualquer discussão fútil é motivo de rompimentos.
A grande solução estaria em nos alimentarmos mais de diplomacia, tolerância, paciência...elementos fundamentais para vivermos realmente felizes ao lado das pessoas que amamos e que quase sempre magoamos, justamente pela falta de diplomacia aqui também utilizada em sentido amplo.
Tudo isso pode parecer bastante utópico, mas em verdade é o caminho mais seguro para uma convivência pacífica. Vocês não estão achando que eu sou a rainha dos bons relacionamentos, neh? rsrsrs....na verdade estou compartilhando uma reflexão que me foi dada por uma pessoa muito especial e a quem dedico este texto, ao Klaus.

sábado, 25 de outubro de 2008

A história das pessoas que passam...

Os últimos dias foram, como se fala na Bahia, “bem brabos”, em meio a projetos da faculdade, monografia, uma autocrítica que só cresce, trabalho, conclusão de curso, saudades de minha família, incertezas, novas metas, novos sonhos, claro que não posso deixar de falar do stress, das vezes que senti vontade de arremessar vasos em várias cabeças... rsrs... ou seja, uma trovoada de sentimentos.
Hoje acordei com aquela sensação do “e daí?” Para onde vou depois daqui? Passei os últimos três meses num ritual de estudo e trabalho, que até esqueci que existe vida além disso, agora que tudo está acabando e começando novamente me vejo perdida, bate certo medo, sinto que falta muito, como diz o Sócrates, “só sei que nada sei”...
Longe desse corre-corre, passei também dias de completa diversão ajudando a Bia a fazer uma loucura de amor... viajamos muitos quilômetros para entregar uma carta ao amado desta minha amiga..rsrs... foi no mínimo engraçado, duas mulheres, em meio a uma tempestade, casas gigantescas cheias de cachorros ferozes, tentando pular um muro...hahahaha... Acho que este episódio me deu mais vida, inspirou-me... admiro muito tua coragem em ultrapassar limites em busca do teu sonho Bia, e acima de tudo, pela maneira correta como leva a sua vida, o Dudu só tem a ganhar com o teu amor...
Diverti-me muitíssimo com as histórias de minha outra amiga Teresa, esta já me convenceu que não existe certo ou errado e sim, feliz ou infeliz... rs... a verdade é que nestes dias de “ouvinte”, percebi que penso deveras; quase morri de água na boca com as histórias do Klaus, exceto pelos tombos... e como ele mesmo me diz, devemos fazer algumas loucuras em nossa vida...rs... claro que me vi uma velha, neh? Acho até engraçado como sou encanada às vezes... mas sabe que colocando-me no lugar de espectadora, em determinadas situações, sonhos, limitações, erros, penso que de alguma forma vivi isso também. Aprendi. Mudei o que antes acreditava ser imutável.
Dizer que Bia, Teresa e Klaus não mudaram minha vida seria um erro, gosto da forma como aprendo com vcs...
Claro que ainda existem questões a discutir, como sorvetes, massas, motos, muros, cachorros e viagens... rsrsrs...
Estas histórias de pessoas que passam me enriquecem, e de alguma forma elas ficam...


Mavie

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

buone vacanze...

baci e stammi bene...


rs...

sábado, 4 de outubro de 2008

Dona Ana...

Ainda estava pensando em ir embora pra Pasárgada quando encontrei Dona Ana, uma mulher de 71 anos, mãe de três filhos e dona de uma alegria de viver contagiante. Eu, ela e mais duas amigas falávamos sobre roupas e festas quando, não sei por qual razão ela disse que estava completando 54 anos de casada. Claro que saiu um sonoro, nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! Eu e minhas amigas iniciamos uma verdadeira entrevista com essa senhora, saíram as mais loucas perguntas, até que a Paty virou para ela e disse – Que maravilha... 54 anos de casada, meus parabéns!!!
- Parabéns coisa nenhuma querida – disse dona Ana, devia ter me separado quando completei 30 anos... Perguntamos em uníssono - Por quê?
- Porque eu devia ter começado tudo novamente. Tive a chance de reiniciar minha vida, mais jovem e com outro pensamento, ou melhor, com outra cabeça.
Claro que inclinada como sou ao romantismo tornei-me a questionadora principal deste “romance mais ou menos feliz” e fiquei sabendo para minha tristeza que a menos de um ano ela descobriu que seu amado marido, aos 83 anos, arranjou uma namorada e que pensava numa separação imediata com ela.
Depois de ameaças, brigas e lágrimas seus filhos o convenceram a desistir dessa idéia, além de jogar no lixo tudo que construíram, eles teriam que depois da divisão dos bens, morarem em lugares menores e menos confortáveis... Enfim, ela o mandou sair de seu quarto e passou a viver como não vivia há muito tempo. Festas com um grupo da terceira idade, viagens, noitadas animadíssimas no Rio Scenarium e uma vez ou outra no Clube das mulheres, rsrsrs... Essa até eu babei... rs... Disse-nos que não saia mais vezes por suas amigas não terem o mesmo pique que ela.
Orgulhei-me dessa senhora e como num filme, me vi várias vezes arrasada com o fim de relacionamentos, em que pensei estar sem chão por ter perdido aquele que julgava ser o meu “amor”... Ouvi tudo aquilo sem respirar, parecia um conselho impagável – Vivam - dizia ela, não se acomodem com o agora, queiram mais, divirtam-se mais... Claro que esta diversão de Dona Ana não inclui novos relacionamentos, embora tenha admitido que um Senhor “chegou” junto a ela numa dessas festas, este recebeu um não e a deixou em paz...rs, ela queria mesmo era curtir a noite, dançar!!!!
- Ainda não tenho essa coragem, busco outra coisa agora, talvez depois queira outra pessoa em minha vida, mas agora não - respondeu D. Ana.
Eu e as meninas, mesmo depois que essa senhora foi embora, ficamos horas nos comparando a ela. Pensei em minha mãe que aos 40 anos quando se separou de meu pai desistiu de relacionamentos e passou a viver o sonho de seus filhos; pensei também nas palavras de minha avó, que acredita ter morrido com meu avô quando este se foi e pede todos os dias para ir ao seu encontro... Penso nos olhos de meu pai, depois desses 12 anos de separação, parecem pedir desculpas e demonstram uma tristeza quase doída quando olha nos nossos olhos.
Penso numa infinidade de amigos e amigas que estão com o coração partido, como numa roda viva, amando, sofrendo, sorrindo, chorando, aprendendo... Tenho medo nessas horas, medo de não ter uma Dona Ana dentro de mim... Medo de aceitar o agora sem me perguntar se é isso que preciso e quero, e pior, medo de não perceber o que quero de verdade.

Mavie

sábado, 27 de setembro de 2008

Minha terra...

Sinceramente? Há momentos que penso em ir embora pra Pasárgada. Andar nas ruas da cidade maravilhosa e ver tantos “sem teto” me deixa desolada, ou melhor, saber da miséria deste país tão rico me entristece. Quanto mais me “informo” mais me sinto incapaz... Aqui se tem de tudo...
Na minha terra que tem tantas palmeiras, tem também políticos que fazem do nosso Brasil esse "antro de corrupção", que lesam a pátria através dos mais absurdos ataques aos cofres públicos. O pior, é que tudo acaba naquela tão conhecida pizza, sem punições.
Aqui se ouve o canto do sabiá e o choro de um povo que passa dias, meses, anos nas filas dos hospitais esperando consultas, tratamentos, morrendo literalmente, enquanto se ouve também um sonoro – Não temos vagas.
Nosso céu que tem mais estrelas é testemunho da criminalidade, violência, falta de perspectiva da juventude, de uma sociedade corrompida em seus valores básicos, um povo passivo, inerte e inculto.
Nossos bosques têm mais vida e um desmatamento que só cresce.
Nossa vida menos amores, mais individualidade, indiferença com o meio e com nossos semelhantes.
Na minha terra que tem tantas palmeiras, tem uma desigualdade econômica e social que gera a fome, a miséria, o analfabetismo, o desemprego. Tem gente humilde que sonha com pouco e que tem nada.
Aqui temos lindas praias, florestas, rios, secas... pessoas completamente desidratadas se alimentando somente de palmas e cactos do deserto. Temos uma das maiores taxas tributárias do mundo que impede qualquer desenvolvimento humano.
Nessa terra tem gente que está diante de tudo isso e não vê e também aqueles que vêem e nada fazem. Há tantos que esperam um dia melhor, com mais comida, água, luz. Outros que querem ir embora para um lugar onde não exista miséria, corrupção, desamores.
Pior o fato de saber da existência daqueles que não mais sonham e que se entregam a violência doméstica e urbana.
Nessas ruas por onde ando, vejo uma parte disso, miséria, lágrimas, sonhos, vida, corrupção... Nessas horas penso em ir embora pra Pasárgada, porque lá tem de tudo e é outra civilização...
...mas noutros momentos, quando vejo que fugir é impossível, volto a esta realidade, faço como essa gente humilde, sonho, e se não realizo, sonho novamente; porque nesta terra que tem palmeiras, a esperança é a última que morre.

Mavie

sábado, 20 de setembro de 2008

O belo

De acordo com o Kant, “(...) somente um homem na medida em que sente e que pensa simultaneamente está preparado para apreciar o belo”.
Penso que em parte ele está certo, mas noutra, vejo que não é bem assim que o mundo funciona. As nossas experiências ou aquelas vividas por alguém bem próximo influenciam muito na forma como enxergamos a nossa volta, por causa delas, diversas vezes deixamos de ver e sentir o belo.
Por que somos tão fracos? Por que tantas vezes torcemos o nariz para algo ou alguém antes mesmo de conhecermos a fundo? Por que o pré-julgamento?
Será que é pelo fato de deixarmos aquilo que chamamos de “inteligível” comandar o “sensível”? Ou porque somos babacas mesmo?
Esta que vos fala é a rainha do pré-julgamento... Impossível contar as vezes que deixei de fazer algo legal porque um fulaninho que conheço se deu mal em uma situação parecida; posso ter me livrando de uma experiência ruim, claro, mas também deixado de viver algo realmente muito bom.
Lembro que já olhei para algumas pessoas e tive a certeza de estar diante de antipáticas (os)... envergonho-me, mas uma de minhas melhores amigas foi vítima dessa implicância... admito, sou uma cega, o belo por diversas vezes me escapa, pois meus sentimentos o afugenta...
Precisamos “cuidar” de nossos sentimentos, eles erram algumas vezes; aniquilam a beleza se mal direcionados; inibem outros sentimentos se egoístas.
Por que não acreditar que esta ou aquela pessoa pode ser diferente daqueles hipócritas que passaram por nossa vida? Ou que aquele caminho, embora já percorrido por outro, pode levar a outro lugar diferente do encontrado...
O fato é que somos humanos, carecemos de bons modos e de outros olhos. Olhos capazes de discernir pessoas e pessoas. Sentimentos e sentimentos. Belo e belo.
Necessitamos de mais encanto. Poucas são as vezes que olhamos duas, três vezes antes de “achar” ou ter “certeza”.
Algumas vezes a beleza fica atrás, vê quem se deixa sentir.
E os sentimentos também podem se esconder...

Mavie



"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada"
Clarice Lispector

sábado, 13 de setembro de 2008

Os sonhos mudam...

Quando li esta frase, lembro-me que discordei automaticamente dela – impossível - como assim? Os meus sonhos não mudaram, ou melhor, não poderiam mudar... Afinal, estou morando a milhares de quilômetros de minha família para realizar um deles, correto?
Errado. Estou morando aqui porque eles mudaram. Se continuassem os mesmos não agüentaria vê-los esmagados por essa realidade nua e crua. A vida é deveras passageira. Às vezes tão rápida que mal dá tempo de enxergar nossos próprios sonhos.
Li mais uma vez e aos poucos fui obrigada a reconhecer que já não sou aquela Mavie de três anos atrás, quem dirá de décadas... Os meus sonhos mudaram sim e junto com eles eu também, ou melhor, como já vos disse, mudo todos os dias, mas continuo sendo.
O que me impressiona nisso tudo, é que perdemos tempo tentando realizar sonhos que já não são nossos... passei décadas de minha vida para perceber que “aquele” sonho já não era meu, e poucos instantes para descobrir que preciso de mais.
Como diz o Pessoa, “A espantosa realidade das cousas é a minha descoberta de todos os dias. Cada cousa é o que é.”
Descubro-me. Vivo o hoje com a intensidade de quem descobre algo novo a cada dia. Isso me basta!
Claro que esta frase é somente meio verdade, sim, porque nada me basta ao ponto de satisfazer-me! Existe um ser dentro do meu Eu que quer muito... Uma tórrida noite de amor não me basta, quero várias! Cada um é o que é. Clichê ou não isso é uma verdade. Confesso que até hoje luto para aceitá-la, por vezes me vejo tentando mudar o mundo. Fracasso.
Hoje tento aceitar as diferenças alheias e conviver com elas. Descobri que a perfeição não existe, mas posso ser melhor que ontem.
Vejo a dança dos meus sonhos, eles zombam, se divertem, me inspiram... Eles vivem, mas mudam...

Mavie