domingo, 31 de maio de 2009

A terra do encantamento...



Encantar
v.t. Exercer suposta influência mágica. / Seduzir; cativar; fascinar: encantar serpentes. / Agradar extremamente. / Provocar irresistível admiração: encantar um auditório. / Causar satisfação; agradar profundamente: estou encantado com o encontro (Aurélio).

Quando eu tinha uns doze, treze anos, lembro-me que ficava encantada com as flores do jardim de minha casa e mais ainda quando dançava na chuva com meus irmãos e minha prima Elaine. Acho que mais encantada que isso fiquei a partir dos catorze, quando passei a ler todos os romances possíveis, Júlia, Sabrina, Bianca, etc. nossaaaaaa, com certeza passaram dos dois mil livros, ler aquelas estórias românticas me deixava extremamente encantada, aguardava ansiosa o meu príncipe “encantado”... rsrsrs.
A partir de então foram vários encantos e desencantos, mesmo quando não parava para pensar sobre a força e significado desta palavra – ENCANTAR.
Comecei a pensar nela depois de me encantar com as histórias de um amigo, quando ele me contava sobre a sensação do vento em seu rosto ao sair de moto sem rumo pelas lindas montanhas de sua região, sobre sua vida e seus desejos, etc. nossas conversas me encantavam, até que um dia me vi completamente “encantada” por ele. Entretanto, um dia o mesmo veio me falar de alguém (que não era eu) que o estava encantando, daí veio meu desencanto, como um jato de água fria, mas não como aquela chuva que me encantou um dia, e sim como um vento triste que vem e fica... Eu não mais o encantava, sofria...
Em vez de alongar meu olhar fiz o contrário, não queria enxergar nada além de minha dor, parei de ler os sinais do tempo, o encanto que estava em toda parte eu não mais o via... Peguei todos os desencantos ao longo dos anos e criei uma blindagem que inevitavelmente cegou-me... Abri várias portas, família, amigos, livros, poesias, dores, histórias, estórias, conversas, vidas... Voltei!!!! Deixei-me enxergar outros encantos, percebi que a vida é assim, E HOJE EM PAZ COM A VIDA, entrego-me a outros encantos... Hoje tem os teus olhos, o teu sorriso, este sorriso meio de canto, tímido, sonhando com os sucos de maracujá... rsrs...hoje tem você, que me encanta.
Dedico este texto a todos que me encantaram e encantam nessa vida de encantos...

Mavie

“Pe. Fábio de Melo diz que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza. Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também. Precisamos descobrir que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida que nos empenharmos em não reter a vida (...). Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes”.

domingo, 17 de maio de 2009

Infinitas possibilidades...




“ Uma outra circunstância ainda me atormentava sem cessar: verificava que não me parecia com ninguém e que ninguém se parecia comigo. “Eu sou sozinho, enquanto que eles, eles são todos!”, dizia-me; e punha-me a refletir.”
Dostoievski

Há dias como hoje, longe de chegar perto do Dostoievski, tento chegar próximo ao abismo da minha alma. Procuro entender este emaranhado de sentimentos, ora inebriados de felicidade, ora imersos numa profunda solidão, procuro-me... Talvez por conta desta eterna busca acho-me um pouquinho todos os dias, perco-me noutros.
Acabei de conversar com uma amiga, onde ela falou sobre a eterna busca do seu eu, dúvidas sobre o querer, amar, futuro, etc. Claro que o fato de estar na casa dos 30 a entristece mais ainda, ela acredita estar perdida, sem soluções. O que dizer a alguém que sofre tanto tentando encontrar-se? Que vivo também de dúvidas, que somos organicamente “perdidos”? Enfim, depois de conversarmos horas a fio percebi que me perdi um pouco mais...rs
Dia desses estava tendo um papo cabeça com meu querido amigo Hugo quando falei para ele que estava com medo do que as pessoas estavam fazendo com o mundo. Acho que estava num momento deprê, ou sedenta de respostas... sei lá, mas a verdade é que realmente me preocupa as reações do “todo”. Vivemos num bate e volta, agredimos, somos agredidos, erramos, descontamos nossas “decepções” em outras pessoas que talvez não mereçam... somos injustos e injustiçados a todo momento e além de tudo, precisamos cuidar para não nos “perdermos” nessa vida de desencontros.
Nesta semana o Rossi me perguntou se eu havia encontrado a minha poesia, rsrs, respondi que não, mas pensei seriamente sobre o assunto, e percebi que a encontro todos os dias, quando vejo minha família, ou mesmo com um telefonema, quando converso sobre as mais loucas histórias com os meus colegas de trabalho, quando chego em casa e me deparo com as melhores amigas que alguém pode ter, ou seja, a minha vida é uma poesia. Acredito que a resposta para todas as perguntas está diante de cada um de nós, basta querermos enxergá-las, concorda? Ou vivermos na eterna ignorância do ser.
Hoje as 18:00 eu, a Anna e a Cris fomos andar na praia, de alguma forma aquilo me chamava, sentia sede do mar, da brisa, e quando menos esperávamos estávamos tomando banho de roupa sob uma lua linda, acredito que quem passava naquele momento devia pensar que estávamos embriagadas, CONFESSO - eu estava embriagada de poesia - aquele mar, aquela sensação de paz me fez até acreditar que tinha voltado a ser criança...rsrsrs, escolhi ser feliz, escolhi sair de minha toca e tocar o mundo.
Pensei na perda de tempo ao me irritar com bobeiras, em sonhar com pessoas que nada acrescentariam em minha vida e não me trariam a poesia que tanto amo, pensei em estar viva, pronta para ganhar o mundo, como ainda hoje me disse o Emmanuel...
Hoje me despeço de vocês deixando um conselho, olhem a sua volta, a poesia esta em todos os lugares.
Mavie
P.S. Deixo também este lindo poema...

“Quando o ardor da minha palavra persuasiva do abismo obscuro do erro retirou tua alma, profundamente degradada, e quando, cheia de uma dor atroz, torcendo os braços, maldisseste o vício que te havia fascinado, quando a tua consciência castigando, à existência passada renunciaste, e escondendo em tuas mãos teu rosto, de repente, cheia de horror e de vergonha, tu choraste…”

Nikolai Nekrássov