quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sobre meninas e medos...


Depois de passar pelo blog de minha querida Carrie onde em seu último texto ela fala de nossa amiga Charlote tive a impressão de estar revivendo um pedaço da minha vida, onde a baixa auto-estima, fuga para o mundo virtual e o desejo de esconder-se do mundo eram companheiros constantes de minha caminhada. Acredito que existam várias Charlotes por aí, pessoas lindas que na verdade se escondem de si próprias. Freud em seu texto de 1920, “O mal-estar na civilização”, chegou à conclusão que o indivíduo não pode ser feliz na civilização moderna. Mesmo com todo progresso técnico e cientifico o homem não se tornou mais feliz. Ao refletir sobre o propósito da vida, ele chegou à conclusão de que o objetivo da civilização não é a felicidade, mas é a renúncia a ela. A vida do indivíduo é a busca constante pela realização da satisfação do prazer, mas esta  satisfação é impossível de realizar num mundo carente e escasso de recursos...

Neste texto maravilhoso concordo com ele em vários aspectos, vivemos num mundo altamente competitivo, onde é cada um por si e Deus por todos, mas a minha alma romântica, apesar dos inúmeros tropeços, ainda acredita na felicidade, afinal, que seria de nós meros mortais sem essa crença? Bom, voltando ao blog de minha amiga, ela conta que Charlote vive no momento um caso virtual onde só está fazendo mal a ela, sem contar que a própria está com uma baixa auto-estima que vem preocupando a todos que a amam. Tenho duas coisas a dizer, a primeira é para Carrie:

Entendo perfeitamente a sua preocupação, afinal não gostamos de ver pessoas que amamos sofrendo, mas conforme diz o Proust a sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, a Charlote está num momento só dela, onde acredita estar fazendo a coisa certa e seguindo o coração... quanto a ser virtual ou não, posso te afirmar que o problema não é esse, pois numa certa época de minha vida, depois de passar por uma grande desilusão no mundo real foi uma amizade virtual que me tirou da infelicidade, me deu forças para acreditar que nem todo mundo é igual. O que me preocupa nisso tudo é a baixa auto-estima de nossa amiga, pois sei que enquanto ela não se amar ninguém o fará também. A segunda coisa que preciso dizer é a Charlote:

Amiga, vc é linda, de um jeito que várias tops não conseguiriam ser, convivo com pessoas cheias de dinheiro e beleza que vivem na base de remédios e tratamentos seríssimos, sabe por que? Felicidade não depende do que temos ou aparentamos, ela está dentro de cada um de nós, claro que ter dinheiro e boa aparência num país como o nosso ajuda bastante, mas não assegura a felicidade. Quanto ao seu relacionamento virtual, só vc pode saber até que ponto isso vai continuar, se te faz bem, ok!...mas do contrário, porque continuar fazendo o que o Freud disse em 1920, renunciando a felicidade? Já agi assim diversas vezes, fiz várias renúncias por encontrar pessoas babacas e acreditar que todo mundo é igual, ou porque se achar feia quando os maiores ícones da beleza não foram tão felizes como acreditamos que deveriam?

Posso dizer para vc que se não nos amarmos não seremos capazes de amar mais ninguém, e outra coisa, a felicidade está dentro de cada um de nós, entretanto, precisamos deixá-la aflorar... Se vc encontrou pessoas más, mentirosas, eu e mais um monte de pessoas já encontramos também, existem sim homens e mulheres "babacas", mas existem tb milhares de pessoas legais, só precisamos nos dar a chance de conhecer estas pessoas... Não deixa que o medo atrapalhe sua felicidade!

Adoro vc, torço que sábado te encontre mais feliz, afinal iremos comemorar minha formatura, certo? rsrs

Beijos

Mavie

Hoje deixo especialmente para Charlote esse lindo poema do Chaplin...

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... AUTO-ESTIMA.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...AUTENTICIDADE.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... AMADURECIMENTO.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... RESPEITO.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... AMOR PRÓPRIO.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... SIMPLICIDADE.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... HUMILDADE.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... PLENITUDE.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... SABER VIVER!!!"

Charles Chaplin 

domingo, 11 de janeiro de 2009

O caminho escolhido...



O escritor francês Marcel Proust diz que a sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas.
A cada dia percebo que esta é uma das maiores verdades que já ouvi, entretanto, sou obrigada a dizer que existem milhões de pessoas que percorrem diversos caminhos, perigosos, sombrios, solitários e no fim parece que nada aprendem, caminharam olhando unicamente numa direção, para si próprias...
Claro que até pouco tempo atrás eu percorria o meu caminho, entre sonhos, vaidades, medos, amores, certezas incertas, “achismo”, enfim, eu acreditava que sabia de tudo e é com imensa felicidade que lhes digo que hoje fiz uma grande descoberta, compreendi que sei pouco da vida, ou quase nada, mas estou olhando a minha volta, tentando aprender a aprender... Entre um episódio e outro de minha caminhada conheci a Becki, uma garota brilhante, cheia de carinho, amores (seus gatos, cachorros e seu amado marido) e uma alegria de viver que contagia... é impressionante como uma mulher de 25 anos consegue passar tanta sabedoria e sarcasmos com tanta eficiência...rsrsrs... digo sarcasmo porque ninguém é perfeito,neh? rs...
Trabalhar com essa garota fantástica que brinca o tempo todo, respeita tudo e a todos me fez chegar a conclusão que muitas pessoas não estão preparadas para aqueles que só sorriem e que amam a vida. Muitos se incomodam com a felicidade alheia e com os seus caminhos escolhidos - como assim? Por que as pessoas “paz e amor” são tomadas como retardadas, lentas e fracas? Quer dizer que boas são aquelas malandras, desonestas e hipócritas? Que destroem a si mesmas e aos outros para atingirem suas metas? O amor e as amizades despretensiosas estão perdendo o lugar para a ganância? Será que Roberto Shinyashiki está correto ao afirmar que a luta pela sobrevivência está brutalizando o ser humano?
Ok, concordo que vivemos num mundo altamente competitivo, mas acredito também que podemos alcançar nossos objetivos sem precisar puxar os tapetes dos outros e acima de tudo, valorizar pessoas como a Becki, que vivem na paz e no amor, que esperam da vida mais que boas posições sociais e dinheiro.
Agora, neste instante, ouço Chopin e me pergunto se ao compor estas músicas tão lindas ele pensava em algo além do amor, claro que poderia estar sofrendo também, afinal, como diz o Proust a felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito, enfim, uma coisa é certa, ninguém pode viver sem a paz e o amor, digo viver, não sobreviver...
O mais importante é que temos opções... O caminho quem escolhe somos nós!

Mavie

Hoje despeço-me com um poema que adoro...


"O Caminho não escolhido"Robert Frost, 1916
Num bosque amarelo dois caminhos se separavam,
E lamentando não poder seguir os dois
E sendo apenas um viajante, fiquei muito tempo parado
E olhei para um deles tão distante quanto pude
Até onde se perdia na mata;
Então segui o outro, como sendo mais merecedor,
E tendo talvez melhor direito,
Porque coberto de mato e querendo uso
Embora os que por lá passaram
Os tenham realmente percorrido de igual forma,
E ambos ficaram essa manhã
Com folhas que passo nenhum pisou.
Oh, guardei o primeiro para outro dia!
Embora sabendo como um caminho leva para longe,
Duvidasse que algum dia voltasse novamente.
Direi isto suspirando
Em algum lugar, daqui a muito e muito tempo:
Dois caminhos se separaram em um bosque e eu...
Eu escolhi o menos percorrido
E isso fez toda a diferença.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Começou...


Quando falei para “mainha” há três anos e meio atrás que viria estudar no Rio de Janeiro ela quase teve um ataque, sem contar que meus irmãos me aterrorizaram muitoooooooo, falaram sobre tudo, assaltos, balas perdidas, à distância deles, sobre meu medo de ficar sozinha e várias outras coisas... confesso que depois de tudo acertado quase desisti, bateu aquele “medo” do desconhecido... Enfim, aqui estou, muito tempo se passou, me formei, não fui assaltada graças a Deus, mas a distância incomoda muitas vezes, entretanto ela me mostra o quanto é importante ter uma família pra amar e ser amada.
Quem me conhece de “verdade” sabe o quanto sentimental sou... rsrsrs... e o quanto viver aqui me fez olhar ao meu redor. Como a maioria de meus amigos deve saber, no período em que estudava trabalhei numa loja, três anos, ouvindo as histórias das mulheres mais loucas, divertidas, inteligentes, tristes, solitárias, ou seja, histórias de vidas.
Durante todo este tempo, aprendi com muitas delas, fiz amizades que com certeza serão eternas e meio a tantas histórias, algumas realmente me surpreenderam. Hoje atendi uma senhora paulista super carinhosa, ela comprou algumas roupas, conversou muito comigo e depois de muito tempo foi embora, ouvi outras histórias, sorri com mais algumas, quando perto do final do expediente aquela senhora paulista voltou, me disse que queria trocar uma peça, falei que não tinha problema e que faríamos isso juntas. No meio do atendimento ela me pediu um abraço, disse que tinha gostado muito de conversar comigo, que se sentia muito sozinha e adoraria ter alguém para conversar nestes dias, quase chorei, percebi que às vezes um abraço é algo muito precioso; sem demora a abracei e percebi que ela tremia, me perguntei – Por que essas coisas acontecem comigo? Já sou uma sentimental por natureza, não gosto de ver ninguém sofrendo...
Enfim, ela me pediu desculpas por estar tão triste, me disse que há pouco tempo tinha perdido seu marido e que comprar algo hoje não tinha graça, pois sabia que ele não estaria em casa esperando-a, falou também que teve um casamento perfeito e que sempre sentiria falta dele. Lembrei-me de Dona Ana, de minha mãe, minha avó e de tantas outras mulheres que casaram, amaram e se separaram, vi que não existe fórmula para um bom casamento, mas existe a solidão, a falta de um abraço...
Quando parei numa livraria há pouco me deparei com uma poesia do Quintana onde ele dizia:

"A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas".

Adorei, até pensei no e daí? O que faço agora? Tenho o que preciso? Por que não jogo os meus medos pela janela e sigo em frente?
Só vem uma certeza, a vida é caixa de surpresas onde encontramos frutos que em algum lugar do passado semeamos, um bom começo é distribuirmos abraços, pois há muitas pessoas neste mundo precisando deles, mas não qualquer abraço e sim aquele "abraço".
Então começo este ano de 2009 desejando muitos abraços para todos, muito amor...
E que não se deixem reprovar, nem esqueçam do relógio...
...O tempo passa...

Mavie