domingo, 17 de maio de 2009

Infinitas possibilidades...




“ Uma outra circunstância ainda me atormentava sem cessar: verificava que não me parecia com ninguém e que ninguém se parecia comigo. “Eu sou sozinho, enquanto que eles, eles são todos!”, dizia-me; e punha-me a refletir.”
Dostoievski

Há dias como hoje, longe de chegar perto do Dostoievski, tento chegar próximo ao abismo da minha alma. Procuro entender este emaranhado de sentimentos, ora inebriados de felicidade, ora imersos numa profunda solidão, procuro-me... Talvez por conta desta eterna busca acho-me um pouquinho todos os dias, perco-me noutros.
Acabei de conversar com uma amiga, onde ela falou sobre a eterna busca do seu eu, dúvidas sobre o querer, amar, futuro, etc. Claro que o fato de estar na casa dos 30 a entristece mais ainda, ela acredita estar perdida, sem soluções. O que dizer a alguém que sofre tanto tentando encontrar-se? Que vivo também de dúvidas, que somos organicamente “perdidos”? Enfim, depois de conversarmos horas a fio percebi que me perdi um pouco mais...rs
Dia desses estava tendo um papo cabeça com meu querido amigo Hugo quando falei para ele que estava com medo do que as pessoas estavam fazendo com o mundo. Acho que estava num momento deprê, ou sedenta de respostas... sei lá, mas a verdade é que realmente me preocupa as reações do “todo”. Vivemos num bate e volta, agredimos, somos agredidos, erramos, descontamos nossas “decepções” em outras pessoas que talvez não mereçam... somos injustos e injustiçados a todo momento e além de tudo, precisamos cuidar para não nos “perdermos” nessa vida de desencontros.
Nesta semana o Rossi me perguntou se eu havia encontrado a minha poesia, rsrs, respondi que não, mas pensei seriamente sobre o assunto, e percebi que a encontro todos os dias, quando vejo minha família, ou mesmo com um telefonema, quando converso sobre as mais loucas histórias com os meus colegas de trabalho, quando chego em casa e me deparo com as melhores amigas que alguém pode ter, ou seja, a minha vida é uma poesia. Acredito que a resposta para todas as perguntas está diante de cada um de nós, basta querermos enxergá-las, concorda? Ou vivermos na eterna ignorância do ser.
Hoje as 18:00 eu, a Anna e a Cris fomos andar na praia, de alguma forma aquilo me chamava, sentia sede do mar, da brisa, e quando menos esperávamos estávamos tomando banho de roupa sob uma lua linda, acredito que quem passava naquele momento devia pensar que estávamos embriagadas, CONFESSO - eu estava embriagada de poesia - aquele mar, aquela sensação de paz me fez até acreditar que tinha voltado a ser criança...rsrsrs, escolhi ser feliz, escolhi sair de minha toca e tocar o mundo.
Pensei na perda de tempo ao me irritar com bobeiras, em sonhar com pessoas que nada acrescentariam em minha vida e não me trariam a poesia que tanto amo, pensei em estar viva, pronta para ganhar o mundo, como ainda hoje me disse o Emmanuel...
Hoje me despeço de vocês deixando um conselho, olhem a sua volta, a poesia esta em todos os lugares.
Mavie
P.S. Deixo também este lindo poema...

“Quando o ardor da minha palavra persuasiva do abismo obscuro do erro retirou tua alma, profundamente degradada, e quando, cheia de uma dor atroz, torcendo os braços, maldisseste o vício que te havia fascinado, quando a tua consciência castigando, à existência passada renunciaste, e escondendo em tuas mãos teu rosto, de repente, cheia de horror e de vergonha, tu choraste…”

Nikolai Nekrássov

8 comentários:

Annanda Galvão disse...

maviane do céu!
que texto!rs
adorei todas as palavras...
lindo demais.
dizem que o importante é o caminho né?
vamor continuar rimando e escrevendo que a poesia vem!
vou deixar um trechinho que eu amo e sempre penso sobre:
"a gente cresce sempre, sem saber pra onde."-Guimarães Rosa-
beijos e saudades!

Anônimo disse...

Pra sempre e um dia: é a nossa necessidade de poesia... Beijos na alma, menina linda!!

Hugo Roxo

Anônimo disse...

Pra você:
"Porque sou humano e creio no divino da palavra... bíblia dos que, como eu, crêem na eternidade do verbo, na ressurreição da tarde e na vida bela.
Amém!..." (de Elisa Lucinda, Credo)

mtos bjos e que você tire da sua vida tudo que não é poesia

Anônimo disse...

ops, meu comentario acima saiu anonimo, então assino agora:
mtos bjos
karla natal

pedro disse...

gostei. e ao ler isto não resisto a dizer o que acho que é a vida. a vida não é mais do que pessoas e momentos.

Roberta disse...

Mavi querida
o preço dessa sensibilidade e empatia aguçada é esse...se sentir perdida nesse plano...as vezes até depressiva e desacreditada diante de tanta atrocidade no mundo...mas qnd achamos nosso caminho e temos consciência da nossa missão...não que fique mais fácil seguir, mas fica mais claro. E essa claridade nos traz um pouco da paz que precisamos no nosso espírito pra seguir.
Bjo, linda. Fica com Deus.
E faça mais dessas caminhadas na praia, faz bem mesmo. =)

Karol Gonçalves disse...

Faz tempo que venho aqui, leio e gosto muito!
Lembrei de um verso que amo doManuel Bandeira, "Quero a delicia de poder sentir as coisas mais simples".
E é isso, o viver bem!

E o trecinho do Dostoievki qualquer dia uso tb, sempre brilante!

beijo
beijo

Jorge disse...

Adorei!!
você tocou um assunto que para muitos de nós esta escondido, mesmo sem saber, muitos de nós levamos uma vida assim... tentando achar a si mesmo. Você me fez pensar sobre muitas coisas....
beijos Mavie