domingo, 15 de fevereiro de 2009

Uma breve jornada...



 Estava lendo “Neve” de Orhan Pamuk, maravilhoso por sinal, quando me deparei a uma frase que me fez abandonar o livro e vir aqui escrever sobre ela - “a brevidade da jornada do homem do nascimento à morte”.

Olho para trás e vejo uma Mavie sorridente, sonhadora, com os mais engraçados apelidos por sua magreza, vejo moradores de uma pequenina cidade do interior da Bahia, onde muitos acreditam em lobisomem, caipora e outras tantas lendas... Vejo pessoas que te sorriem quando vai visitá-las e agradecem por isso, vejo inocência...

Se olhar mais um pouco atrás vejo as mais contagiantes histórias de minha avó Rosa, aquela que espera encontrar o seu amado Pêdo no céu. Parece que foi tudo ontem, festas de família, fazenda cheia de netos, tios, filhos, avós, risos, galinhas, patos... Sinto o cheiro do café de mainha, o sabor dos seus bolos de aipim, lembro das brincadeiras com meus irmãos, da competição de quem subia nas mais altas árvores... Claro que não posso esquecer que painho só me deixou usar batom depois dos 16, antes disso tinha que ser escondido...rs... lembro da doce mágica em “ser” e “fazer” parte dessa família...

Mas a “brevidade” das coisas vem como onda certeira, toma tudo, deixa lembranças para alguns e a indiferença para outros, apagando assim aquilo que já passou.

 Hoje quando acordei fui ao mercado e como sempre tudo me chama a atenção - coisa de mulher de cabeça velha, talvez – aquela menina de rua que está sempre dormindo quando passo - vive num mundo só dela e das drogas - aquele flanelinha que acorda toda a rua e disputa seu “ponto” com outros moleques, esse senhor que passeia com seu cão, onde não saberia dizer quem é o mais solitário, entre tantos outros vejo a impaciência humana em filas do mercado, elevadores, lojas, ruas, onde o “por favor” e “obrigado” passa longe.

Acredito que o mais preocupante é o egoísmo, transmutado em individualismo exacerbado em nossa sociedade, como diz meu amigo Hugo... O “dar” perde espaço para o “receber”, ok, ok, é a lei da sobrevivência, muitos devem estar pensando, mas será que só nos resta o “cada um por si e Deus por todos”?

Será que as pessoas se dão conta da brevidade de nossa jornada? Que a boa aparência com o tempo se vai, o dinheiro não garante vida eterna e felicidade e mesmo os mais avançados tratamentos não livram da morte? Acredito que a maioria não, caso contrário não me depararia com tanto mau humor logo cedo da manhã; hoje no mercado vi uma elegante senhora tratar muito mal um atendente, na hora pensei – Não posso chegar à idade desta mulher sabendo tão pouco da vida – penso que temos muito que aprender - é impossível chegar aos 60,70 numa redoma, intocável pelo amor, bons modos, educação e blá, blá, blá...

Talvez hoje esteja mais “densa”, como diz o Rodrigo, ou mais irritada, sei lá, então fico assim, a pensar sobre a efemeridade das coisas, pessoas, sonhos...

Inté,

 

Mavie

5 comentários:

Um sei-lá-o-quê de coisas! disse...

A vida é densa e densos são os mecanismos que devemos usar para lidar com ela... Senão, seremos superficiais... Bonito texto, melancolia acesa em chama alta... Rsrs... Bjos, de "seu amigo Hugo"... Rs

Adriana Meira disse...

adorei a parte do batom...mas me senti na efemeridade dos sentimentos...acho o fim a falta de amor nas pessoas!
mavie vc escreve muito bem!
continu a enobrecer nossas mentes!
um beijo

Roberta disse...

Pensando no seu post, escrevi o meu....
Para mim, para vc, para todas as Meninas desse mundo.

;)

Linda semana para vc, Mavie.

Anônimo disse...

Um dia vi que cada estrela tem uma historia!
Mesmo que elas não brilhem por muito tempo elas tem a sua historia!
Você fez brilhar a minha estrela talvez mude a minha historia!
Bjs!
Rafael.

Anônimo disse...

Fiquei lembrando durante o texto,sua vida em Caém.As beleas festas de aniversário,bailes a fantasia,q gente ficava anciosa esperando por aqueles momentos,eram maravilhosas.Todos vocês da sua casa são com família para nós.Parabéns pela sua conquista,você ja foi e ainda vai muito longe.