Era meia noite, todos felicitavam uns aos outros, eu sentia a falta de minha família e do Marc, mas estava feliz, incompleta, mas feliz... quando de repente o Theo começou a chorar (uma linda criança de 4 anos), ele dizia que papai Noel não foi visitá-lo e que estava muito triste por isso. A Manu explicou que enquanto ele abraçava sua avó o papai Noel foi lá deixar o seu presente, tinha várias outras crianças para visitar, sendo assim não conseguiu esperá-lo. Claro que esta a quem vos escreve começou a chorar também, rsrs, e óbvio que a sensibilidade do Theo trouxe a tona uma série de questionamentos. Por que ao longo de nossas vidas nos tornamos tão insensíveis? Por que somos tão míopes diante da vida? Por que deixamos o lado mais bonito, em minha opinião, da criança que há em nós esquecido no fundo do nosso inconsciente?
Platão disse que uma vida não questionada não merece ser vivida, acreditem, não tenho pretensão de dar lição de moral a ninguém, mas choca-me a insensibilidade humana diante do próximo.
Nesta noite de Natal agradeci a Deus por ter uma família saudável, feliz e obviamente “enlouquecida” às vezes... No entanto, não dava para esquecer que tudo está por um fio, sempre... que o amanhã é incerto para todos e que naquele momento, a Mel estava no hospital com sua mãe, mãe esta que ama a vida e luta por ela desde sempre.
A todo instante deparo-me com pessoas sem tolerância alguma e conseqüentemente sem amor ao próximo, claro que não estou sugerindo que todos deviam sair se abraçando e blá, blá, blá... Acredito sim, que se nos pusermos no lugar do outro, questionarmos mais nossas ações, no que fizemos de bom e ruim ao longo do dia, e tentarmos, de alguma forma, sermos melhores no dia seguinte, o mundo poderia acordar melhor também.
Inté...
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
Desassossego
“A quem, como eu, assim, vivendo não saber ter vida, que resta senão, como a meus poucos pares, a renúncia por modo e a contemplação por destino”?
Pessoa
Assim, como eu sei que tenho a vida, me perco diante da contemplação do meu destino. E assim, por não conseguir renunciar meus incontáveis eus, deparo-me com a certeza de que apesar de tantos nada sou.
...então resolvi mergulhar no mundo de Pessoa, claro que um mergulho raso, muito raso, afinal, se mergulhasse um pouquinho mais começaria a perder o que me resta de inconsciência, e assim, como ele, poderia cair na decadência, na distancia de tudo...
Em seu Desassossego, Pessoa dizia que a inconsciência era o fundamento da vida. Na primeira vez que li esta frase o achei um tanto excêntrico, na segunda, imaginei ser um desassossegado, na terceira, tive certeza que ele era uma alma consciente, viva... e eu, quanto mais leio suas linhas e as de outros tantos, vejo minha inconsciência indo, indo... e assim, me vejo excêntrica, desassossegada, consciente.
Um amigo me disse que só escrevemos quando estamos meio desassossegados, e o Dostoiewski dizia que para escrever bem é preciso sofrer, sofrer... No entanto, acredito que não é só isso, olhar em volta, sem inconsciência traz palavras... Pensar no ter e não ter traz versos... Pensar no amor de alguns e desamor de milhares traz textos.
A compreensão profunda de estar vivendo e de não saber até quando me limita. O fato de estar vivendo enquanto outros morrem me tira o sossego. A certeza de viver a minha vida consciente agindo tantas vezes como inconsciente me diminui. No meu desassossego sinto falta de inconsciência.
Mavie
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Enquanto ficamos...
Atordoada com tantas “obrigações”, Pós-graduação (que estou amando), trabalho pesado, curso de francês, esportes, estava me sentido esgotada, claro que tem o Marc, meu porto seguro, o que me impede de ir embora pra Pasárgada...rsrs...
Caminho, ouço, paro - parecia que eu não mais cabia em mim, estava cheia de sentimentos – me derramava... Comecei a pensar que tudo o mais eram detalhes, exceto o ser, aquele que vive - me sentia, estava ali, viva. Isso me trouxe de volta, percebi que faltava muito de eu mesma na minha vida, não sei se foi no momento em que ouvia junto a milhares de pessoas a Sinfonia n.º 9 (Beethoven) na praia de copa abraçada ao Marc, ou quando assitia embevecida o filme A Partida, Okuribito – Japão, 2008. O fato é que estando ali eu também queria estar aqui, para eternizar nestas linhas aqueles momentos.
Eu inteira, juntando as partes deste quebra-cabeça que é minha vida. Eu, procurando os detalhes que tornarão ela mais bonita, mais mágica... EU QUERO MÁGICA!!!! Toco minhas mãos, o meu rosto, meu corpo, percebo-me, estou viva e vc também, já pensou nisso? Amanhã seremos pó, então toca-te. Sente a música, porque enquanto aqui ficamos outros estão partindo sem se tocar, sem perceber a quem ama, sem ver a mágica vida que é nossa.
O verdadeiro ato de descoberta consiste não em encontrar novas terras, mas em ver com novos olhos.
- Marcel Proust
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