Os últimos dias foram, como se fala na Bahia, “bem brabos”, em meio a projetos da faculdade, monografia, uma autocrítica que só cresce, trabalho, conclusão de curso, saudades de minha família, incertezas, novas metas, novos sonhos, claro que não posso deixar de falar do stress, das vezes que senti vontade de arremessar vasos em várias cabeças... rsrs... ou seja, uma trovoada de sentimentos.
Hoje acordei com aquela sensação do “e daí?” Para onde vou depois daqui? Passei os últimos três meses num ritual de estudo e trabalho, que até esqueci que existe vida além disso, agora que tudo está acabando e começando novamente me vejo perdida, bate certo medo, sinto que falta muito, como diz o Sócrates, “só sei que nada sei”...
Longe desse corre-corre, passei também dias de completa diversão ajudando a Bia a fazer uma loucura de amor... viajamos muitos quilômetros para entregar uma carta ao amado desta minha amiga..rsrs... foi no mínimo engraçado, duas mulheres, em meio a uma tempestade, casas gigantescas cheias de cachorros ferozes, tentando pular um muro...hahahaha... Acho que este episódio me deu mais vida, inspirou-me... admiro muito tua coragem em ultrapassar limites em busca do teu sonho Bia, e acima de tudo, pela maneira correta como leva a sua vida, o Dudu só tem a ganhar com o teu amor...
Diverti-me muitíssimo com as histórias de minha outra amiga Teresa, esta já me convenceu que não existe certo ou errado e sim, feliz ou infeliz... rs... a verdade é que nestes dias de “ouvinte”, percebi que penso deveras; quase morri de água na boca com as histórias do Klaus, exceto pelos tombos... e como ele mesmo me diz, devemos fazer algumas loucuras em nossa vida...rs... claro que me vi uma velha, neh? Acho até engraçado como sou encanada às vezes... mas sabe que colocando-me no lugar de espectadora, em determinadas situações, sonhos, limitações, erros, penso que de alguma forma vivi isso também. Aprendi. Mudei o que antes acreditava ser imutável.
Dizer que Bia, Teresa e Klaus não mudaram minha vida seria um erro, gosto da forma como aprendo com vcs...
Claro que ainda existem questões a discutir, como sorvetes, massas, motos, muros, cachorros e viagens... rsrsrs...
Estas histórias de pessoas que passam me enriquecem, e de alguma forma elas ficam...
Mavie
sábado, 25 de outubro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
Dona Ana...
Ainda estava pensando em ir embora pra Pasárgada quando encontrei Dona Ana, uma mulher de 71 anos, mãe de três filhos e dona de uma alegria de viver contagiante. Eu, ela e mais duas amigas falávamos sobre roupas e festas quando, não sei por qual razão ela disse que estava completando 54 anos de casada. Claro que saiu um sonoro, nossaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! Eu e minhas amigas iniciamos uma verdadeira entrevista com essa senhora, saíram as mais loucas perguntas, até que a Paty virou para ela e disse – Que maravilha... 54 anos de casada, meus parabéns!!!
- Parabéns coisa nenhuma querida – disse dona Ana, devia ter me separado quando completei 30 anos... Perguntamos em uníssono - Por quê?
- Porque eu devia ter começado tudo novamente. Tive a chance de reiniciar minha vida, mais jovem e com outro pensamento, ou melhor, com outra cabeça.
Claro que inclinada como sou ao romantismo tornei-me a questionadora principal deste “romance mais ou menos feliz” e fiquei sabendo para minha tristeza que a menos de um ano ela descobriu que seu amado marido, aos 83 anos, arranjou uma namorada e que pensava numa separação imediata com ela.
Depois de ameaças, brigas e lágrimas seus filhos o convenceram a desistir dessa idéia, além de jogar no lixo tudo que construíram, eles teriam que depois da divisão dos bens, morarem em lugares menores e menos confortáveis... Enfim, ela o mandou sair de seu quarto e passou a viver como não vivia há muito tempo. Festas com um grupo da terceira idade, viagens, noitadas animadíssimas no Rio Scenarium e uma vez ou outra no Clube das mulheres, rsrsrs... Essa até eu babei... rs... Disse-nos que não saia mais vezes por suas amigas não terem o mesmo pique que ela.
Orgulhei-me dessa senhora e como num filme, me vi várias vezes arrasada com o fim de relacionamentos, em que pensei estar sem chão por ter perdido aquele que julgava ser o meu “amor”... Ouvi tudo aquilo sem respirar, parecia um conselho impagável – Vivam - dizia ela, não se acomodem com o agora, queiram mais, divirtam-se mais... Claro que esta diversão de Dona Ana não inclui novos relacionamentos, embora tenha admitido que um Senhor “chegou” junto a ela numa dessas festas, este recebeu um não e a deixou em paz...rs, ela queria mesmo era curtir a noite, dançar!!!!
- Ainda não tenho essa coragem, busco outra coisa agora, talvez depois queira outra pessoa em minha vida, mas agora não - respondeu D. Ana.
Eu e as meninas, mesmo depois que essa senhora foi embora, ficamos horas nos comparando a ela. Pensei em minha mãe que aos 40 anos quando se separou de meu pai desistiu de relacionamentos e passou a viver o sonho de seus filhos; pensei também nas palavras de minha avó, que acredita ter morrido com meu avô quando este se foi e pede todos os dias para ir ao seu encontro... Penso nos olhos de meu pai, depois desses 12 anos de separação, parecem pedir desculpas e demonstram uma tristeza quase doída quando olha nos nossos olhos.
Penso numa infinidade de amigos e amigas que estão com o coração partido, como numa roda viva, amando, sofrendo, sorrindo, chorando, aprendendo... Tenho medo nessas horas, medo de não ter uma Dona Ana dentro de mim... Medo de aceitar o agora sem me perguntar se é isso que preciso e quero, e pior, medo de não perceber o que quero de verdade.
Mavie
- Parabéns coisa nenhuma querida – disse dona Ana, devia ter me separado quando completei 30 anos... Perguntamos em uníssono - Por quê?
- Porque eu devia ter começado tudo novamente. Tive a chance de reiniciar minha vida, mais jovem e com outro pensamento, ou melhor, com outra cabeça.
Claro que inclinada como sou ao romantismo tornei-me a questionadora principal deste “romance mais ou menos feliz” e fiquei sabendo para minha tristeza que a menos de um ano ela descobriu que seu amado marido, aos 83 anos, arranjou uma namorada e que pensava numa separação imediata com ela.
Depois de ameaças, brigas e lágrimas seus filhos o convenceram a desistir dessa idéia, além de jogar no lixo tudo que construíram, eles teriam que depois da divisão dos bens, morarem em lugares menores e menos confortáveis... Enfim, ela o mandou sair de seu quarto e passou a viver como não vivia há muito tempo. Festas com um grupo da terceira idade, viagens, noitadas animadíssimas no Rio Scenarium e uma vez ou outra no Clube das mulheres, rsrsrs... Essa até eu babei... rs... Disse-nos que não saia mais vezes por suas amigas não terem o mesmo pique que ela.
Orgulhei-me dessa senhora e como num filme, me vi várias vezes arrasada com o fim de relacionamentos, em que pensei estar sem chão por ter perdido aquele que julgava ser o meu “amor”... Ouvi tudo aquilo sem respirar, parecia um conselho impagável – Vivam - dizia ela, não se acomodem com o agora, queiram mais, divirtam-se mais... Claro que esta diversão de Dona Ana não inclui novos relacionamentos, embora tenha admitido que um Senhor “chegou” junto a ela numa dessas festas, este recebeu um não e a deixou em paz...rs, ela queria mesmo era curtir a noite, dançar!!!!
- Ainda não tenho essa coragem, busco outra coisa agora, talvez depois queira outra pessoa em minha vida, mas agora não - respondeu D. Ana.
Eu e as meninas, mesmo depois que essa senhora foi embora, ficamos horas nos comparando a ela. Pensei em minha mãe que aos 40 anos quando se separou de meu pai desistiu de relacionamentos e passou a viver o sonho de seus filhos; pensei também nas palavras de minha avó, que acredita ter morrido com meu avô quando este se foi e pede todos os dias para ir ao seu encontro... Penso nos olhos de meu pai, depois desses 12 anos de separação, parecem pedir desculpas e demonstram uma tristeza quase doída quando olha nos nossos olhos.
Penso numa infinidade de amigos e amigas que estão com o coração partido, como numa roda viva, amando, sofrendo, sorrindo, chorando, aprendendo... Tenho medo nessas horas, medo de não ter uma Dona Ana dentro de mim... Medo de aceitar o agora sem me perguntar se é isso que preciso e quero, e pior, medo de não perceber o que quero de verdade.
Mavie
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